Por
Vilma Nishi
A Associação Comunitária Monte Azul desenvolve um trabalho de saúde, cultura, educação, ecologia e programa social na periferia da zona Sul de São Paulo. Em 1979 foi construído um barracão de madeira na favela Monte Azul que foi a semente de um trabalho de saúde principalmente para as crianças e as mulheres.A medicina é baseada na medicina ampliada pela Ciência espiritual da antroposofia.Em 1985 foi construído um prédio de dois pavimentos que em 1999 foi reformado para adequar-se às normas de vigilância sanitária.Em 1983 chegou a parteira alemã Ângela Gehrke da Silva comovida pelas condições de vida precária da população, desenvolveu e introduziu os princípios essenciais da humanização da estação e do parto normal, possibilitando experiências de gravidez e parto que não fossem medo, dor, ignorância e humilhação, e sim de autoconfiança, felicidade, prazer, prova do próprio valor da mulher, protagonista destes acontecimentos tão importante na sua vida em um ambiente de compreensão e carinho e numa posição confortável em cada fase do trabalho de parto. Ângela estimulou os pais ou outras pessoas da intimidade acompanhassem o parto, unindo familiares e criando incentivos para uma renovação da vida familiar e principalmente do respeito mútuo entre o casal.O trabalho foi reconhecido como pioneiro no movimento pelo parto e nascimento humanizado, referenciado por médicos e enfermeiras obstetras. Ângela era convidada por instituições hospitalares, universidades, em congressos e encontros e recebeu uma homenagem pós-morte no Congresso internacional de humanização do parto.Assim como este programa, reconhecido por representantes do governo, entidades internacionais, surgiram em outras regiões do país, iniciativas semelhantes com a regulamentação do Ministério da Saúde, através da Portaria 985/1998, e na cidade de São Paulo, a Casa de Parto de Sapopemba/Fundação Zerbini e a Casa de Maria/Organização Hospitalar Santa Marcelina.Casa ÂngelaA assistência ao parto normal em lugares não hospitalares, vem amparada pelas recomendações da OMS e por uma série de evidências científicas, que apontam que o ambiente acolhedor, o apoio emocional, a presença de familiares, o conforto físico, a privacidade, a deambulação e a mudança de decúbito facilitam sobremaneira a evolução fisiológica do parto normal, considerando a gestação e o parto um evento natural no ciclo de vida da mulher e não uma doença!A mulher durante a vida passa por diferentes fases. Em cada fase, incluindo infância, adolescência, fase reprodutiva, gestação, maternidade, climatério, menopausa e 3ª idade, ela é exposta a circunstâncias internas / biológicas e externas que muitas vezes não recebem a atenção devida.É necessário estabelecer modelos comunitários de atendimento integral à saúde da mulher, de maneira diferenciada e efetiva, fortalecendo o exercício de direitos e a cidadania.Assim, o conceito de saúde, não se limita à prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, mas abrange todo o contexto biográfico, levando em conta as condições econômicas, sociais, culturais, históricas e antropológicas que determinam a vida da mulher e de sua família. A saúde da mulher não é encarada através de intervenções físicas, mas por ações que envolvam suas capacidades criativas e promovam seu desenvolvimento integral.A Associação Comunitária Monte Azul propõe o estabelecimento de um modelo comunitário de assistência integral e humanizada à saúde da mulher, ao ciclo gravídico-puerperal e ao parto normal de baixo risco na “Casa de Parto Ângela” diminuindo assim a procura por vagas no Hospital do Campo Limpo por gestantes de baixo risco e aumentando a capacidade do hospital para gestante de médio e alto risco.Serviços propostos:▪ consultas individuais;▪ atividades em grupo;▪ assistência à saúde e reprodução na adolescência: atendimento ginecológico e orientação sexual;▪ sensibilização e conscientização dos pais e profissionais das áreas pedagógicas, através de palestras e grupos de estudo;▪ planejamento familiar;▪ prevenção, detecção e tratamento das DSTs;▪ prevenção e detecção precoce do câncer ginecológico e de mama;▪ assistência a mulheres vítimas de violência sexual e doméstica:encaminhamento para os serviços de orientação jurídica.Atendimento ao PartoO profissional deve desenvolver uma postura fundamental em sua alma, realizando seu trabalho cotidiano, suas tarefas e obrigações, com reverência e devoção: pelo processo da criação e seu devir, tendo um profundo sentimento de humanidade, com verdadeiro amor pelo ser humano no seu dia a dia.